Faz um tempinho que o Nicolas tem tido lições de cidadania na prática. Cada vez que visitamos o Parque Gomm ele vê o movimento, toda a energia que tem naquele espaço, corre, brinca, ajuda e sempre pergunta algo:
- De quem é o parque?
- O que é público e o que é privado?
Entre tantas outras questões dele. Vamos respondendo de uma forma que ele entenda, não com falas infantilizadas mas de forma clara e objetiva; explicando que todos os meses pagamos um pouco de impostos que são usados em tais e tais locais, para que serve o IPTU e por ai vai.
Ele, que é um menino observador, segue a vida observando!
Eis que um belo dia do nada, aparentemente, ele disse que queria escrever uma carta para o prefeito pedindo para ele arrumar as calçadas porque eles são muito ruins.
A oportunidade apareceu e ele escreveu uma carta e entregou nas mãos do prefeito de Curitiba - Gustavo Fruet. Não colocarei a foto aqui porque as crianças estão de uniforme e não posso expor ninguém mas vos asseguro que foi um momento emocionante.
Hoje faz uma semana que ele entregou a carta e sinceramente não sei se teremos resposta e muito menos se surtirá algum efeito porém nós (como pais) não poderíamos impedi-lo de fazer o que ele fez, não tínhamos nenhum direito de desencorajá-lo e não pensamos em fazer nada disso em nenhum momento. Foi uma iniciativa dele e demos nosso apoio incondicional.
Uns três dias depois eu ainda estava com a carta na cabeça, pensando o que levou um menino de sete (7) anos a escrevê-la. E aí comecei a juntar algumas coisas e o que ele teve/ tem foi empatia por quem tenta usar as calçadas e não consegue além de adorar correr.
Acredito que três fatores contribuíram para que ele desejasse escrever a carta:
* quase toda semana quando estamos indo para a escola cruzamos no caminho com um senhor em uma cadeira de rodas, ele usa luvas nas mãos e tem uma cadeira que parece ser leve. Ele andar super rápido na rua pois nas calçadas é impossível e já vimos vários carros tirando fina dele. Um perigo. Sem dizer que ele sobe uma rua considerável até chegar em um tubo (também conhecido como ponto de ônibus onde passam os ônibus que andam nas canaletas, é uma via exclusiva deles).
* na volta da escola também encontramos uma menina que aparenta ter uns dez anos, em uma cadeira de rodas sendo empurrada por uma mulher, talvez a mãe ou uma cuidadora, não sei. Ela sempre nos olha com um sorriso nos olhos enquanto a mulher faz um esforço enorme empurrando a cadeira mais pesada que a do senhor; ela intercala entre a calçada e a rua.
* um dia uma mulher com limitações motoras desceu do carro apoiada em uma bengala deu uns poucos passos e caiu, de cara no chão. Eu corri para ajudá-la a levantar e o Nicolas presenciou tudo. A mulher ralou as mãos e o rosto e estava muito incomodada por não conseguir andar direito na calçada que só dificultava ainda mais a vida dela.
Além desses fatores as pedrinhas portuguesas podem ser lindas mas são super escorregadias e em dias de chuva é um perigo só. Nesses dias saímos mais cedo de casa porque vamos mais devagar, muitas vezes tem pedras soltas que enchem de água e nos sujam, uma maravilha.
A sensibilidade do meu filho me surpreendeu. Orgulho desse menino que ainda tão pequeno me ensina tanto.
Muito obrigada por tudo filho.
(Tem erros de português, não corrigi e tentei intervir o menos possível. Auxiliei somente na elaboração de algumas frases questionando-o sobre algo. Produção dele.)
Grazi que exemplo emocionante!
ResponderExcluirNão podemos, não há como nos excluir e excluir nossos filhos da política, mesmo achando que tudo está uma porcaria. Não podemos generalizar nem colocar tudo num mesmo pacote. Entender os deveres ( impostos, pitu, etc ) e cobrar responsabilidades e direitos e é na prática, no dia a dia, na observação que isso é possível. Talvez não funcione como gostaríamos, ou talvez sejamos surpreendidos com uma resposta. Afinal é surpreendente um garotinho de 7 anos ter tamanha preocupação! Beijo
Oi, Grazi!
ResponderExcluirUm pequeno ser pensante que me enche de esperanças. O Brasil tem futuro!!
:)
Beijus,